sábado, 21 de novembro de 2009

Lei do Ato Médico: A Regulamentação da Ignorância

(Por Adrianna Nogueira)

Um dos princípios doutrinários do SUS é a INTEGRALIDADE, no qual o sistema de saúde deve considerar a pessoa como um todo, devendo as ações de saúde procurar atender à todas as suas necessidades (BARROS, PIOLA & VIANNA, 1996; POLIGNANO, 2006).

Todos sabemos, desde o presidente Lula até o mais humilde cidadão deste país que pode se consultar com um médico, que este profissional não se preocupa com o que está além da doença. Seu papel sempre foi procurar os sintomas de uma doença em uma pessoa doente, e tentar eliminá-los.
Poucos médicos, muito poucos, se preocupam com o contrário, com a PESSOA que está apresentando sintomas de uma determinada doença. Inclusive, pode até ter sido um deles que utilizou pela primeira vez o termo "portador", para mim a pior forma de referir-se à uma pessoa que apresenta sintomas de alguma enfermidade.
Qualquer pessoa que consulte um médico nunca sairá de seu consultório sem uma prescrição medicamentosa, mesmo que o seu sintoma possa ser eliminado através de mudança de hábitos.
Mas será que um médico terá coragem para dizer ao seu "paciente" que o melhor para ele não é um medicamento e sim uma terapia cognitivo-comportamental que inclua os conhecimentos da Psicologia e da Terapia Ocupacional, realizada multidisciplinarmente por estes profissionais, cada um dentro de sua especificidade profissional, emoções e desempenho ocupacional, respectivamente?
Será que ele admitiria que os conhecimentos de outros profissionais de saúde serão mais eficientes para este paciente que os seus?
A Lei do Ato Médico não é a regulamentação de uma atividade, é a regulamentação da ignorância e o SUS não sobreviverá se isso acontecer.
E o presidente sabe muito bem disso...

Referências:
BARROS, Maria Elizabeth, PIOLA, Sérgio Francisco e VIANNA, Solon Magalhães. Políticas de saúde no Brasil: Diagnóstico e Perspectivas.
POLIGNANO, Marcus Vinícius. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena revisão.
(Ambos os textos encontram-se disponíveis para download; links no blog da Adrianna).

Adrianna Nogueira
Estudante de Terapia Ocupacional - UFTM
(Retirado daqui)

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